by night

sábado, 29 de outubro de 2011

Sem supresas, sem desilusões...

 
A noite  estava a chegar e ficaria sozinha. Tinha tocado a mão dele e reparara na indisfarçável frieza com que gentilmente a sua mão recuara. A ausência de palavras e partilha de emoções, envolvida pelo silêncio, fizera deles dois estranhos naquela tarde.  Não era porém a primeira vez. Ao longo desse mês de Outono sentira um progressivo afastamento daquele olhar que outrora continha o brilho associado aos sonhos, à partilha, à cumplicidade. Bem lhe havia avisado uma amiga próxima de ambos que ele era assim, ave rara e migratória de pouso incerto, de coração selvagem que sazonalmente partia... Quem sabe se essa mesma voz não lançava alertas de experiências passadas também sentidas... O mundo parecia desabar mas, a força da juventude que seu coração encerrava fazia-a acreditar que o dia nasceria amanhã com um sol forte e radiante e traria sonhos, vislumbres de experiências ainda por viver... Natural para quem também não tinha medo de esticar as asas e voar. A noite chegara e ficara sozinha, desta vez, sem surpresas, sem desilusões...