- Não, não vás! Podemos conseguir dar a volta às coisas - Diz ela numa ultima tentativa de reverter a eminente separação.
- Não posso ficar. - Diz ele lançando um último olhar antes de sair.
Ele partira... Não dera certo. Ela, triste, repara num livro que andara a ler e que continha uma página marcada. Senta-se no sofá e abre o livro naquela página que tem um poema com o título "Sem Ti". Irónico como parecia adequado aquela situação:
Sem ti
E de súbito desaba o silêncio.
É um silêncio sem ti,
sem álamos,
sem lua.
Só nas minhas mãos
oiço a música das tuas.
É um silêncio sem ti,
sem álamos,
sem lua.
Só nas minhas mãos
oiço a música das tuas.
Eugénio de Andrade
Fecha o livro e deixa fugir uma lágrima. De facto, desabara o silêncio naquela sala.