by night

sábado, 26 de novembro de 2011

Terminal de embarque

Era uma viagem sem retorno! Ambos o sentiam mas, não tinham sequer falado sobre essa possibilidade. Talvez porque ignorar as possibilidades indesejadas possa parecer na vida o caminho mais fácil! O comboio chegara na hora marcada e, um beijo lento, sela a despedida. Ela ocupa o lugar à janela depois de ter pousado duas malas na parte de cima da moderna carruagem daquela composição. Através da janela, procura o olhar dele e encontra-o. Achou, porém, que não era só ela que partia. O olhar dele estava vago,  a expressão facial triste, a expressão era de incerteza. A mente dele estaria já a viajar também, ao sabor de pensamentos que procurariam explicações e previsões que dificilmente podiam ser antecipadas. Oito meses noutro país, num intenso regime de voluntariado, poderia para sempre alterar o curso daquele romance que permanecera estável nos últimos dois anos. Mas, ela sentira aquele chamamento e não conseguiu dizer que não. Em mais nenhum momento hesitara senão neste, em que separada por um vidro, vê longos momentos de paixão ficarem para trás, irremediavelmente associados ao lugar onde habitam as lembranças. Não era só ela que partia, naquele lugar, naquele momento, naquela tarde... o Amor partia também com ela naquele comboio...

sábado, 12 de novembro de 2011

Tudo o que queria neste momento...

Olhava para ti e via o teu recorte vincado pela luz do crepúsculo, naquela varanda, naquele fim de tarde, naquelas férias. Depois de um dia de Verão intenso, com o barco a repousar na marina, depois de te contemplar, pousava o olhar no livro de Carlos Quiroga, que desfolhava, sentado na cadeira mais atrás, onde uma mesa que a ladeava servia de suporte a um copo de vinho que lentamente saboreava. Aquela passagem parecia adequada a este quadro: [...Estou a olhar para isto e a perguntar-me agora com que olhos de anjo caído e rebelde terá olhado para a mesma praia desolada aquele rapaz raro há mais de um século [...] Porque estou a olhar para isto e estou a querer ver-te. Porque te vejo apenas num esforço de imaginação. E o tempo passa e já não sei adivinhar-te bem...]. Teus cabelos negros, longos, faziam lembrar a perfeita manta que a noite estenderia no céu daqui a pouco. Perfeito o momento, perfeito o sentimento que me despertavas, nada mais desejava, tinha ao meu redor tudo o que queria neste momento...

domingo, 6 de novembro de 2011

Endless summer

Recordo com alguma saudade os tempos de juventude em que o Verão parecia não acabar. Os dias eram imensos e intesamente vividos na praia sempre que podia. Endless Summer era um dos meus filmes de culto. Um documentário de 1966 que reflectia a busca pela onda perfeita. uma busca em "volta" do mundo. O sabor da água salgada, o cheiro da parafina e do neoprene, as viagens de combóio e autocarro quando ainda não tinha carta eram autênticas aventuras que partilhei com o meu irmão e amigos próximos... porque recordar é viver!